Qual felicidade?
LUSO QUÊ? 19/03/2021
Editorial
Esta coisa da felicidade… grande sarilho em que nos fomos meter!
Um tema repleto de perguntas e dúvidas sobre a sua origem, definição, construção e gestão. Uma preocupação que remonta há muitos séculos, desde os primórdios da filosofia e do surgimento dos primeiros pensadores.
A propósito da celebração do dia internacional da felicidade (20 de março) já amanhã, imbuídos deste espírito de alegria e fulgor pelo início da Primavera, quisemos abordar a questão. Existem tantas perguntas legitimamente possíveis:
A felicidade procura-se ou encontra-se? Como sabemos que estamos felizes? Estamos felizes ou somos felizes? A felicidade é um estado que se alcança? Podemos ser/estar sempre felizes? A felicidade está relacionada com a supressão de necessidades ou de desejos?
Não encontrámos realmente respostas ou caminhos definitivos para estas e outras questões, mas tentaremos sobretudo “mandar umas achas para a fogueira” e, de alguma forma, contribuir para que os nossos leitores ampliem o seu conhecimento e capacidade de reflexão sobre o que é ser feliz.
Isto será um tratado bem-disposto sobre caminhos possíveis para construir estradas que conduzam a esse “gral” eternamente desejado – a felicidade! Teremos a possibilidade de assistir a algumas apresentações neste âmbito e escutar a playlist da felicidade.
Os (in)Raizados esta semana fazem uma pausa feliz.
Mais uma semana cheia Discos Pedidos!. O que é que os nossos leitores andam a ouvir?
Até já!
FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!!!
1. O que é a felicidade?
A inevitável pergunta. Adianto-vos já que não temos respostas definitivas.
Os dicionários apontam para o “concurso de circunstâncias que causam ventura”, “o estado da pessoa feliz”, “a tendência para acontecimentos positivos ou favoráveis”, “o bom êxito”. (in Priberam Online)
A pesquisa na wikipedia indica que a felicidade “pode ser definida por um momento em que há a perceção de um conjunto de sentimentos prazerosos. A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vão desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade – pela filosofia, pelas religiões ou pela psicologia. O ser humano sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena”.
Temos, portanto, inúmeras definições decorrentes da escola de pensamento e da área ou abordagem que as sustenta. Se pensarmos que cada pessoa é um mundo, poderemos arriscar que existirá uma definição de felicidade para cada um de nós.
Tratemos então de agitar as ideias para depois cada um arrumar a casa à sua maneira!
2. O poder das coisinhas simples
Há um livro absolutamente delicioso, cujo título original é “Hapiness is… 500 things to be happy about” da autoria de Lisa Sterling e Ralph Lazar (também disponível na tradução espanhola). É o livro ideal para ter sempre por perto, na mesa da sala, na cozinha ao lado do fogão ou na mesinha de cabeceira. Pode abrir-se aleatoriamente e dar de caras com uma das 500 situações em que os pequenos nadas, genialmente ilustrados em modo comic, se transformam em felicidade plena. É impossível ficar indiferente ao ver as ilustrações e ler as pequeninas coisas que nos podem fazer tão felizes. Alguns exemplos: felicidade é um grande abraço de uma criança; felicidade é abrir as janelas do carro para que fiques despenteado; felicidade é receber uma carta de um amigo; felicidade é despertares e dares-te conta que é feriado e não tens de ir trabalhar. Fica a feliz sugestão!
Hapiness is…
3. Aqui e agora
O reputadíssimo jornalista e professor universitário de ética Clóvis de Barros Filho fala-nos nesta apresentação feita no evento TEDx em São Paulo (2016) sobre a importância vital de não adiar a felicidade. O seu estilo comunicativo é absolutamente contagiante. Na vida cada oportunidade é “única, virginal e inédita”. A felicidade acontece em todos os instantes. Podemos proporcionar a alguém um instante de vida que essa pessoa gostaria de algum dia de repetir… isso é a criação genuína de uma convivência feliz, isso é a felicidade. 16 minutinhos… Excelente reflexão garantida.
Felicidade é aqui e agora – Clóvis de Barros Filho (TEDx São Paulo)
4. As virtudes
O filósofo e escritor Luiz Felipe Pondé, no seu jeito direto, frontal e sem papas na língua, faz breves considerações sobre a felicidade. É a realização de um desejo. É também (na linha de Aristóteles) a aquisição de um conjunto de virtudes que gerarão uma ideia positiva sobre cada nós mesmos e que levará a que sejamos recordados com saudade e admiração. É ainda (de acordo com a tradição hebraica e com o cristianismo) a reunião numa pessoa de qualidades distintivas como a generosidade, o perdão, a humildade, a misericórdia alheia. Legado??? Vão lá espreitar! São apenas 5 minutinhos.
Breves considerações sobre a felicidade por Luiz Felipe Pondé
5. Karnalizando
O historiador e professor Leandro Karnal dá-nos uma breve e clara lição de 10 minutos sobre a felicidade. Não existe “uma” felicidade e ela não é universal. Não confundamos a felicidade com alegria e tristeza. A felicidade é estrutural. Ela é o presente, o aqui e o agora. A felicidade requer um treino de foco. Podemos, para além de trabalhar na procura da nossa própria, dar felicidade aos outros. A importância de saber o que está ao meu alcance e posso mudar. O autoconhecimento e a gestão de expectativas. Somos animais políticos e, logo, vivemos necessariamente em convivência com outras pessoas. Solitude vs solidão. Uma “chapada” doce! Vão ver.
4 passos para buscar a felicidade – Leandro Karnal
6. Vinil feliz
Umas canções animadas e belas para terminar de pintar a felicidade! Aqui fica uma playlist que por casualidade é exclusivamente brasileira. Ficamos com a ideia que se há povo que procura e fala abertamente sobre a felicidade, é sem dúvida o povo brasileiro. A música anda frequentemente de mãos dadas com a felicidade!
A gente merece ser feliz – Ivan Lins
Gente feliz (sinceridade) – Vanessa da Mata
Quintal do Céu – Seu Jorge
Peça felicidade – Melim
O que é o que é – Gonzaguinha
Tudo diferente – Maria Gadú
(in)Raizados
Esta secção está dedicada a contar as aventuras e desventuras, as peripécias e o quotidiano de pessoas fantásticas que nasceram em países lusófonos e agora andam pelo mundo fora fazendo pela vida, fazendo a sua vida e espalhando a língua portuguesa pelos 4 cantos do globo.
És ou conheces algum (in)Raizado sobre quem possamos contar estórias aqui no LUSO QUÊ?? Escreve um breve texto com esse relato (máximo uma página A4, aproximadamente 450 palavras), junta uma foto do(s) protagonista(s) e envia-o por escrito para o endereço eletrónico disponível em O vosso espaço. Se és daquelas pessoas que dizem não ter jeito para escrever, contacta-nos e nós ajudamos-te a dar forma à aventura que tens para contar – as boas estórias não se podem perder!
Discos Pedidos!
Hoje dançamos e cantamos com…
Rita Veloso (Oeiras)
Não podia faltar África! Gosto tanto de ritmos africanos e esta música recorda-me muito um concerto do Matias (poço de simpatia e um ser humano incrível), que assisti em Oeiras…impossível não abanar a anca ao ritmo do compasso!
Semba do pé – Matias Damásio
Nesta secção desejamos que partilhem connosco as vossas canções favoritas. O que é bom é para se partilhar! Podem contar estórias relacionadas com elas, quando as ouviram por primeira vez, quem ou que situações vos recordam, situações em concertos, etc. Como? Muito simples. Basta enviar-nos um e-mail para info@lusoque.es com o vosso nome e o local de onde nos escrevem, o título da canção e o seu autor/grupo/projeto e trataremos de a publicar junto ao respetivo vídeo.
Agradecimentos
Muito obrigado pela vossa colaboração e pelos “grãos de areia” lançados ao projeto:
- João Antunes
- Joca Marino
- Nacho Flores
- Pedro Sereno
- Pilar Pino
O vosso espaço Queres falar connosco? Tens sugestões ou ideias? Há temas ou assuntos que gostarias de ver tratados? Queres colaborar com o LUSO QUÊ?? Estamos à tua espera de braços, ouvidos e olhos bem abertos! Escreve-nos