Bem-vindo 2021

LUSO QUÊ? 01/01/2021

Editorial

No arranque de 2021 o LUSO QUÊ? começa logo com surpresinhas espetaculares!

Não repararam no nosso logótipo. Ah, não? Ora voltem a espreitar… Lindo, não é? Obra do amigo Pedro Sereno, que conseguiu transformar a inicial ideia apresentada em rabiscos, nesta maravilha de design. Tudo começou com uns esboços em post it, folhas usadas, guardanapos que fui fazendo e guardando. Procurava uma forma visual para definir o conceito. O Sereno, na sua generosidade e com imensa paciência e dedicação, realizou um estudo aprofundado e após várias versões chegámos à versão final, que tanto nos agrada! Esperamos que gostem!

Após esta abertura de presentinho, já estamos lançados. Passemos pois em seguida às propostas desta semana. Vamos devagarinho que ainda agora o ano começou…

Todos temos um poeta dentro de nós, mas nem sempre somos conscientes da sua existência ou não sabemos como evocá-lo. Margarida Fonseca Santos vai ajudar-nos a descobrir como encontrá-lo. Incentivar as nossas crianças a ler e a escrever é possível e até divertido. Venham daí!

Quando se junta malta cheia de ganas de promover e produzir arte e cultura, acontecem coisas estimulantes e incríveis como o projeto Gerador. Aqui vamos necessitar de tempo, paciência, calma e atenção para fruir de tudo o que esta gente maravilhosa anda a fazer.

Depois visitaremos a obra consolidada de Luís Afonso. Um cartunista absolutamente genial, que através da sua arte realiza humor, fazendo uma análise crítica e inteligente da atualidade portuguesa e internacional, com singular mestria.

Teremos ainda a oportunidade de descobrir o Museu Virtual da Lusofonia, onde podemos desfrutar de interessantíssimas propostas culturais e artísticas em domínios variados.

Finalmente, desmoemos com a música intimista de Carolina Deslandes, dando especial enfoque a um dos seus mais recentes trabalhos. Uma gravação “de trazer por casa”.

Os (in)Raizados pausam esta semana, prometendo voltar com novas estórias vibrantes em breve.

Até já!

1. A brincar, a brincar vai-se escrevendo!

É comum ouvir alguém manifestar a sua incapacidade para a escrita: “Epá, eu escrever é mesmo só a lista das compras!”. Também acontece que pessoas que leem muitíssimo,  fruto do enorme respeito que nutrem pela literatura e a arte de bem escrever, verbalizem não estar à altura de escrever, nem que seja um pequeno relato, conto, poema ou estória. Sabemos ainda que captar a atenção e gosto das crianças e jovens pela leitura e escrita se afigura como um dos maiores desafios para pais, educadores e professores.

Pois bem, Margarida Fonseca Santos, escritora, professora de pedagogia e formação musical, com mais de 100 obras publicadas (a sua maioria na área infantojuvenil), aproveitou a sua enorme e vasta experiência para criar projetos integrados no PNL (Plano Nacional de Leitura) que procuram incentivar a leitura e escrita através de desafios estruturados e apoiados em pilares didáticos e pedagógicos.

O blogue das Histórias em 77 palavras está aí para demonstrar que não só é possível, como é também divertidamente desafiante escrever bonitas narrativas em poucas palavras. Nesta plataforma de desafios de escrita com participantes dos 6 aos 101 anos encontramos uma seleção dos melhores textos produzidos e temos acesso à lista completa de desafios de escrita por temas (com as devidas orientações e regras para cada um deles). Há ainda orientações (com materiais) para professores e escolas que queiram aplicar e usar as histórias com 77 palavras nas suas aulas e observações no âmbito do PNL.

No projeto Re-Word-It – Brincar a sério com as palavras, a escrita e a leitura andam de mão dada com o treino da atenção e da memória, numa perspetiva integradora dos alunos no processo de aprendizagem. Aqui encontramos 5 áreas de trabalho – escrita, leitura, audição interior, atenção e metacognição – que servem de base de atuação através de distintos modos: aulas continuadas para crianças, jovens e adultos; cursos individuais ou em grupo para crianças, jovens, pais, educadores, professores; partilha de materiais didáticos para trabalhar a escrita e a leitura .

Já começaste a descoberta do teu poeta escondido. De que estás à espera?

Linkedin – Margarida Fonseca Santos

O blogue Histórias em 77 palavras

Web oficial do re-word-it

2. A incubadora cultural para todos

O que se faz no Gerador? Talvez seja mais acertado perguntarmos o que é que não se faz nele… E quem pode participar? Todos.

Esta plataforma assume-se como sendo “de ação e comunicação para a cultura portuguesa que acredita que a identidade de um país é a federação de todas as suas culturas pessoais.” O projeto, que conta com a pujante colaboração de parceiros de peso, apresenta como missão a reflexão usando a investigação académica e a educação cultural, atuando com enfoque na aproximação das pessoas através de iniciativas culturais, numa perspetiva de enfoque comunicativo obtido pelas suas publicações.

No seu espaço online encontramos um vastíssima e abrangente seleção de conteúdos disponíveis. Temos o palco online onde podemos assistir a conversas, entrevistas, concertos, entre outros “conteúdos geradores”. Há uma secção dedicada a reportagens e crónicas e uma outra onde podemos consultar artigos de opinião. Na agenda encontramos “iniciativas culturais indispensáveis que podem ser aproveitadas em segurança fora de casa ou no conforto desta”. Apresenta-se também o programa EP COLAB 2020, uma iniciativa colaborativa entre artistas e criadores ibéricos. Como se não bastasse, há também a academia com inúmeras propostas de formação através de cursos e workshops, o espaço dedicado à revista Gerador e a loja.

Quem não gosta? Podem fazer-se sócios obtendo condições especiais e descontos ou simplesmente contribuir para o financiamento do projeto.

Vá… vão lá dar uma demorada vista de olhos!

Web oficial do Gerador

3. Bonecada à séria

Procurem imaginar um barman com uma grande bigodaça, atrás do balcão, e que através das suas perguntas ou observações ao “cliente” do momento exalta os acontecimentos mais importantes da atualidade nacional e internacional. Já existe, desde 1993, na forma de tira diária do jornal Público e chama-se Bartoon.

Este é talvez o trabalho com maior visibilidade do talentoso cartunista Luís Afonso, embora nas últimas décadas nos tenha presenteado com a tira Barba e Cabelo no jornal A Bola (centrado em temas desportivos) e A Mosca, série de animação na RTP, entre outros projetos de grande interesse e qualidade.

É incrível a forma como em apenas 4 “quadradinhos”, 3 ou 4 frames na TV, somos levados a pensar, a refletir, a sorrir e rir como resposta ao sarcasmo e à acutilante crítica, por vezes retórica, que o artista coloca nas suas obras.

Se vos apetece uma fatia de humor inteligente, irónico e sem papas na língua façam o favor de ir dar uma vista de olhos no fantástico trabalho deste cartunista alentejano de gema.

Maratona de Bartoon


A mosca – “Democracia não funciona”


4. Virtualmente lusófonos

E agora venham daí dar uma voltinha pelo Museu Virtual da Lusofonia. Este projeto procura “promover o conhecimento por parte dos países lusófonos das suas inúmeras formas de expressão artística e cultural, que devem ser reunidas, preservadas e difundidas, quer dentro do contexto lusófono, quer a nível internacional.”

Nesta plataforma de ”cooperação académica, em ciência, ensino e artes, no espaço dos países de língua portuguesa e das suas diásporas” é possível aceder a arquivos divididos em 5 secções: biblioteca, filmoteca, fonoteca, galeria e glossários. Temos também acesso à programação que apresenta eventos, exposições e ainda a agenda científica (com seminários e congressos).

A equipa é essencialmente composta por elementos da Universidade do Minho em estreita colaboração com membros de universidades de países lusófonos (Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Timor-Leste e Angola) e, inclusivamente, de outros países como Espanha e os Estados Unidos da América.

Trata-se de uma excelente iniciativa em crescimento e desenvolvimento e que pretende contar com a importante colaboração da cidadania através da sua participação ativa na recolha de obras (fotografias, registos sonoros, registos audiovisuais, textos, músicas, registos dos patrimónios arquitetónico e etnográfico) para engrandecer os seus arquivos e promover a lusofonia a nível internacional.

Merece totalmente a pena visitar e também, se for possível, colaborar direta e ativamente com a equipa do museu no desenvolvimento deste magnífico projeto.

Web oficial do Museu Virtual da Lusofonia

5. As portas abertas de Carolina

Há quem goste de viver fiel a si mesmo, com as suas manias, as suas incongruências, as suas “freakalhadas”, o seu sistema de valores, a sua forma de ver o mundo e de se relacionar com os outros, ainda que isso suponha pagar o preço alto de não reunir consensos, criar invejas e fomentar a crítica constante. Carolina Deslandes é uma destas pessoas. Não parece realmente importar-se com o que os demais pensam sobre o que faz, pensa e diz. Trata apenas de ser e existir, doa a quem doer.

A jovem artista cujo percurso musical tem sido variado, marcado no seu início pela passagem por um conhecido show de talentos na TV (Ídolos) com apenas 18 anos, vem construindo uma sólida carreira que atingiu uma maturidade incomum através do lançamento do álbum “Casa”, em 2017. Com três filhos pequeninos, gravar um álbum de modo tradicional num estúdio e, ao mesmo tempo, acudir às tarefas e responsabilidades familiares era algo que se adivinhava complicadíssimo. Carolina encontrou a solução na sua cozinha… sim, foi aí que montou um estúdio “caseiro” e, rodeada de uma equipa à altura do desafio, gravou as 15 belas canções que compõem este disco.

Em “Casa” encontramos bonitos arranjos acústicos onde a guitarra brilha, suportada pela secção rítmica. Jazzy, com toques de bossa nova, vamo-nos embalando na pura voz de Carolina e nos versos que canta, contando os amores e guardando um espaço especial para os seus “meninos” (A vida toda e Benjamim).

Algumas surpresas como os duetos (Coisa mais bonita com António Zambujo, Não me deixes com Maro e Avião de Papel com Rui Veloso) e também a versão de Circo de Feras (Xutos e Pontapés) tornam este disco numa ótima proposta musical para os momentos que pedem calma, reflexão e relaxamento.

Ainda uma nota final. Durante a pesquisa para este artigo encontrámos um dos mais recentes trabalhos da artista, que merece destaque. No passado dia 25 de novembro, a propósito da comemoração do dia internacional contra a violência, foi estreado o seu trabalho áudio visual em estilo curta-metragem, intitulado “MULHER”. Não percam!

A vida toda


Avião de papel


Mulher


(in)Raizados

Esta secção está dedicada a contar as aventuras e desventuras, as peripécias e o  quotidiano de pessoas fantásticas que nasceram em países lusófonos e agora andam pelo mundo fora fazendo pela vida, fazendo a sua vida e espalhando a língua portuguesa pelos 4 cantos do globo.

És ou conheces algum (in)Raizado sobre quem possamos contar estórias aqui no LUSO QUÊ?? Escreve um breve texto com esse relato (máximo uma página A4, aproximadamente 450 palavras), junta uma foto do(s) protagonista(s) e envia-o por escrito para o endereço eletrónico disponível em O vosso espaço. Se és daquelas pessoas que dizem não ter jeito para escrever, contacta-nos e nós ajudamos-te a dar forma à aventura que tens para contar – as boas estórias não se podem perder!

Agradecimentos

Muito obrigado pela vossa colaboração e pelos “grãos de areia” lançados ao projeto:

  • João Antunes
  • Nacho Flores
  • Pedro Sereno
  • Pilar Pino

O vosso espaço Queres falar connosco? Tens sugestões ou ideias? Há temas ou assuntos que gostarias de ver tratados? Queres colaborar com o LUSO QUÊ?? Estamos à tua espera de braços, ouvidos e olhos bem abertos! Escreve-nos