Partida, largada fugida!
LUSO QUÊ? 27/11/2020
Editorial
Bem-vindos!!!
É com enorme alegria e maior responsabilidade que constato ter um elevado número de pessoas que aceitaram o repto de me seguir nesta aventura. Já embarcaram amigos, família, colegas de profissão, alunos… Vamos lá desfrutar disto e ver quem mais se junta e onde nos leva!
Esta é a primeira edição, o arranque de uma ideia, um projeto, que venho desenvolvendo de forma intuitiva e natural, mas que agora tenta ganhar uma estrutura mais sólida e uma organização mais eficaz. Não esperem, para já, grandes grafismos, fintas estéticas ou decorações exuberantes.
Como sabem trata-se de procurar fazer-vos chegar sugestões e dicas (de qualidade) sobre cultura lusófona e língua portuguesa nos seus mais variados domínios e formas. Tentarei dar maior visibilidade a artistas e projetos que costumam ter uma visibilidade mais reduzida e, simultaneamente, reforçar aqueles nomes que não necessitam apresentações e por isso mesmo devem ser regularmente trazidos à baila.
No final de cada artigo encontram referências para poderem aprofundar mais e obter mais informação sobre os artistas, autores, entidades e projetos abordados. Claro está que a internet está disponível e à vossa espera para poderem sempre descobrir ainda mais sobre algum dos temas de que possam gostar mais.
Vejamos então o que temos preparado neste recém-nascido, o número 0.
Primeiro daremos um passeio pela música urbana atual de alto nível, de mãos dadas com a Capicua, Valete, Emicida e Rael , numa fantástica mistura luso-brasileira homenageando a língua portuguesa sem fronteiras ou barreiras.
Seguidamente podemos espreitar um pouco da vida e obra do escritor moçambicano Mia Couto . Preparem-se para a fantasia exótica que conta vidas e estórias absolutamente extraordinárias.
Também conheceremos uma ferramenta para os amantes das línguas estrangeiras. O Forvo veio para nos ajudar a conhecer e aperfeiçoar a pronúncia em várias línguas, de forma fácil, simples e grátis.
Com a viagem já a mais de meio, aproveitaremos para renovar o ar nos pulmões da alma através da maravilhosa ementa sonora da Rádio Oxigénio.
Finalmente, veremos como um grupo de jovens inconformistas e determinados procuram informar sem mais. Sem lobby, sem interesses, sem âncoras, sem batota… Vai haver Fumaça!.
Francamente genial
O Projeto “Língua Franca” reúne um quarteto de artistas portugueses e brasileiros em torno da ideia de homenagear a língua portuguesa através da música usando ritmos do hip-hop e rap, numa onda urbana em que a mensagem é primordial.
Capicua, Valete, Emicida e Rael, rappers, autores, letristas, todos eles a viver momentos de excelente produção artística, criaram um conjunto de canções em que a língua de Camões toma o protagonismo. Chama a atenção a forma natural que encontraram de construir “pontes” numa época em que muitos se concentram em construir “muros”.
Longe vão os tempos em que dava vergonha cantar em português… e ainda bem! Escolhi o tema “Ela” para vos aguçar o apetite.
O “brincador de palavras”.
Costumo dizer que tenho centenas de livros que ainda não li. Há quem se escandalize, quem ignore ou desvalorize esse facto e quem partilhe desta taça. Realmente não consegui, nem conseguirei brevemente, dar conta de todos os volumes que habitam as estantes cá em casa. Mas uma das coisas mais positivas disto é que de vez em quando tropeço nalgum livro que já anda por aqui estacionado há uns anos e decido começar a lê-lo. Foi este o caso recente com Mia Couto
“Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” tinha o travão de mão bem puxado desde o Natal de 2002, quando a minha irmã mo ofereceu. No outro dia piscou-me o olho e não resisti a dar-lhe uma oportunidade. E voltou a acontecer o que sempre me acontecera ao ler Mia Couto… Quando se começa já não há volta atrás! A forma como narra os acontecimentos e conta a estória é de tal forma autêntica e genuína que me sinto como se estivesse lá, a viver todos os incríveis acontecimentos. Damos por nós a habitar cenários exóticos e a experimentar uma cultura riquíssima, enquanto nos apercebemos também dos dramas que os conflitos armados e a indefinição política provocaram ao longo dos anos em Moçambique. É quase uma miséria doce… Delicia-me a maneira como brinca e reinventa palavras munindo-se do crioulo e das expressões locais, cruzando-as com a língua portuguesa com um engenho singular.
Entrei de cabeça no universo do autor, fui transportado para uma pequena ilha de Moçambique onde os seus habitantes têm uma relação muito especial com as coisas que não se veem, com os espíritos e a alma. Nesta estória sobre uma família que se vê a contas com um problema para resolver motivado pela morte do patriarca, a natureza abunda e as tradições mandam (quase sempre). O protagonista é o jovem Mariano obrigado a regressar à sua ilha natal e que se vê num emaranhado de fios que ao longo da narrativa se vão desembaraçando com as intervenções de outros através das impressionantes descobertas que ele vai fazendo enquanto (re)descobre a sua casa (a sua terra).
Não há duas sem três, costuma dizer-se. Quando terminei a leitura parei-me a pensar o que leria agora. Fugi da montanha crescente de volumes na mesa de cabeceira e acabei por deixar o coração mandar. Lá fui de volta à prateleira parking e desencalhei outra pérola do autor moçambicano – “Terra Sonâmbula” . E lá ando de volta de este romance considerado por muitos um dos melhores livros africanos do século XX. Sobre este não conto nada, na esperança que a curiosidade “mate” e vos faça espreitar.
Sons na ponta da língua
Quantas vezes nos aconteceu querer dizer uma palavra noutra língua e não ter a certeza de como se pronuncia? Também devem ter tido alguma vez dúvidas ao ouvir uma palavra, não sabendo exatamente quais os sons (fonemas) que lhe correspondem, o que pode gerar dificuldades na escrita.
Durante a navegação pelo mestrado, descobri esta semana o FORVO. Trata-se de uma maravilhosa ferramenta disponível online que permite escutar palavras de imensos idiomas (desde turco e russo a árabe, sueco ou japonês – centenas de línguas). Um dos aspetos que destaco é o facto de ter em conta as suas variantes, por exemplo português europeu e do Brasil ou inglês britânico e americano) com a pronúncia correta. É muito simples. Basta aceder à página e escrever a palavra. Se a palavra constar da gigante base de dados, será apresentada em diferentes variantes. Clicamos na que nos interessa e, zás, ouvimos alguém a pronunciar a palavra.
Parece-me muito útil a nível académico e profissional, mas também no âmbito pessoal. Já vos estou a ver viciados nisto!
Respirar
Acordar cedo, filhos, trabalho, estudos, obrigações, faturas e contas para pagar, compras, transportes, trânsito… ramerrame… lufa-lufa… UUUUFAAAAA!
Preciso de respirar…Todos sabemos o que isto é.
Nesses momentos em que só queremos dispor de alguns minutos para nós, para estar na caixa do nada, relaxar e…respirar fundo, pausadamente e sem pressas, existe uma frequência na rádio portuguesa perfeita. A Rádio Oxigénio (102.6 FM)!
Esta estação apareceu na minha vida há muitos anos e marcou-a profundamente. Foi culpa de amigos, a descoberta não foi minha. Ao som das suas riquíssimas propostas musicais respirei em diversas situações. Recordo as viagens diárias no comboio da linha de Cascais, ensonado, observando o Tejo, o horizonte com pinceladas de eletrónica, jazz ou hip hop. Os regressos a casa, com o sol a descer ao som de DJ’s que apostavam em grooves enérgicos e divertidos enquanto contextualizavam o que se ouvia (que artista, que ano, qual o disco e estilo…). Os programas de reggae ao sábado de manhã enquanto se lia o jornal. As danças animadas, repletas de energia positiva, com amigos em terraços e festas ao ar livre. Enfim… tantas estórias e tantos momentos.
A abordagem e linha programática é muito particular e foge bastante ao mainstream. Aprecio imenso o esforço por contemplar os diversos estilos musicais, criando uma plataforma democrática onde cabe de tudo um pouco, mas apenas tudo o que tem qualidade. Passam vários programas de especialidade com convidados e gente que vive a música e da música. Som brutal 24/7.
Convido-vos, pois, a chegar o ouvido a esta frequência. Está disponível online, além da forma mais tradicional na “velhinha” FM.
Vai valer a pena RESPIRAR!
Notícias fumegantes
Numa era de informação massiva, globalizada, imediata surge um projeto que pretende fazer jornalismo de uma forma “independente, progressista e dissidente que aposta no jornalismo de investigação em áudio, feito com profundidade e tempo para pensar”.
Choquei com o Fumaça muito recentemente. Foi uma dica preciosa de um grande amigo, um “maninho” como eu gosto de dizer. Dei uma vista de olhos nas publicações disponíveis na web e gostei bastante do tom, o seu enfoque, o estilo comunicativo e a perspetiva ou ângulo informativo
Está formado por uma jovem equipa multifacetada de gente com experiências variadas e ricas, num estilo cool, sério e responsável onde se nota uma enorme determinação em levar para a frente as convicções que originaram o projeto.
Parece-me que podem contribuir positivamente acrescentando um modo diferente de estar num meio em que, é sabido, se movem interesses, lobbies e poderes instalados. Passem pela web e deem uma vista de olhos. Se gostarem podem sempre dar uma ajudinha para este projeto continuar a caminhar.
O vosso espaço Queres falar connosco? Tens sugestões ou ideias? Há temas ou assuntos que gostarias de ver tratados? Queres colaborar com o LUSO QUÊ?? Estamos à tua espera de braços, ouvidos e olhos bem abertos! Escreve-nos