Por trás da lente

LUSO QUÊ? 12/02/2021

Editorial

Já estamos na edição 10. Foram dez, ou melhor, onze números (houve um número 0) repletos de entrega, aprendizagem e trabalho. Está a valer totalmente a pena! Atentos ao feedback que nos tem chegado e que muito agradecemos, procuramos ir corrigindo e modificando alguns aspetos e detalhes para tornar o LUSO QUÊ? cada vez melhor, mais apelativo e interessante – ainda mais irresistível.

Uma novidade incrível a coroar esta edição! Acreditamos no poder das ilustrações, enquanto valor acrescentado ao que se escreve e se conta. Elas também falam… Através do desenho conceptualizado e criado pelo nosso amigo e assíduo colaborador/consultor, Pedro Sereno, passaremos a poder contar com uma ilustração que represente cada edição.

“Uma imagem vale 1000 palavras”. Isto não significa que seja sempre possível, até mesmo desejável, substituir uma pela outra. Trabalham bem juntinhas e de mão dada… Igualmente acertado é que, não raras vezes, há sons, canções ou temas musicais que falam mais além do que dizem nas suas letras. Gravam-se na memória e no coração e lá pernoitam para sempre. Que dizer quando se casam as 3 – imagem, música e palavra?

Esta semana, abrimos as cortinas e entramos na dimensão do que ocorre atrás das câmeras através das lentes. Sim, fotografia e cinema, um tema que nos é querido e será certamente alvo de novas abordagens no futuro próximo.

Vamos ver como um jovem fotógrafo vem enriquecendo o jornalismo através do seu olhar muito particular e a sua enorme paixão pelas imagens que contam estórias. João Porfírio abre esta edição.

Depois damos um salto até à sétima arte e viajamos pela obra de um dos mais talentosos realizadores da atualidade. Nuno Xico, que entre muitos outros projetos, trabalhou recentemente com uma estrela mundial da pop.

Procuraremos dar umas pinceladas sobre a vida e obra de um dos fotógrafos mais consagrados em todo o mundo pela forma como o seu trabalho procura “gritar” e colocar o foco em zonas do globo e respetivas populações, fauna e flora, que necessitam seriamente de atenção. Sebastião Salgado marca presença.

Para o final, guardamos os momentos musicais. Conheceremos dois projetos cuja sonoridade e estética encaixam perfeitamente nesta noção de imagem+música+palavra, tão cinematográfica. Faremos uma visitinha a Rodrigo Leão e também aos Dead Combo.

Os (in)Raizados ficam mais uma semana a marinar.

Até já!

1. João “sem medo”

Passamos os olhos, lendo em diagonal a descrição do que já fez até hoje. É impossível que não nos perguntemos como um jovem com 26 anos anos conseguiu já realizar tanta coisa. Sobretudo porque se trata de grandes desafios e alguns deles representam objetivos sonhados por muitos fotógrafos que já andam nisto há muito tempo. Na sua carreira já viajou por diversos países como Estados Unidos, Iraque, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Croácia, Sérvia, Turquia, Grécia, Hungria, Eslovénia e Marrocos.

Determinado, arrojado, aventureiro, perfeccionista… são alguns dos adjetivos que normalmente estão associados a João Porfírio. Natural de Portimão, foi lá que se iniciou como fotógrafo realizando trabalhos para um jornal local. Em pouco tempo deu o salto para a capital, estagiando na prestigiada Agência Lusa.

Atualmente faz parte da equipa do jornal online “Observador”. É conhecido na redação pela sua obsessão por estar constantemente atualizado sobre o que ocorre no mundo. Afirma ter muita dificuldade em estar desconectado, sem ter notícias, mais que uns minutos por dia. Sabe que a sua missão de informar, chegando no momento certo e fotografando, choca frequentemente com o equilíbrio e estabilidade da sua vida pessoal, mas não resiste ao sentido de missão que lhe é inato.

Dono de uma elevada ética profissional e consciente do poder que as imagens têm, o fotógrafo viveu recentemente momentos inesquecíveis enquanto fotografava.  Venceu o Prémio Estação Imagem 2019 na categoria de Notícias com as reportagens dos incêndios de Monchique durante o Verão de 2018, intitulada de “A Imagem do terror tem som” Teve acesso privilegiado enquanto jornalista a cobrir bem de perto as eleições norte-americanas que opuseram Trump a Biden. Num dos seus últimos trabalhos esteve 85 horas no interior do Hospital Santa Maria (Lisboa) fazendo uma cobertura exaustiva e muito próxima da realidade que lá se viveu num dos momentos em que a pandemia bate forte.

Para conhecerem melhor o seu trabalho e as suas fotos incríveis, vejam a entrevista que deu no “Maluco Beleza” e consultem o seu Instagram.

Entrevista com Rui Unas “no Maluco Beleza”


2. Um lisboeta em Nova Iorque

Acontece às vezes alguém cruzar-se connosco e desse encontro, surgir uma relação artística difícil de explicar ou replicar. Isto foi um pouco o que aconteceu ao editor criativo e realizador Nuno Xico.

Com um trabalho sólido e uma carreira bem consolidada em Portugal, em 2010 percebeu que tinha de mudar-se para um palco maior para poder continuar a crescer artística e profissionalmente. Lançou-se e foi para Nova Iorque.

Foi na “grande maçã” que em 2012, por coincidência conheceu a rainha da pop – Madonna.  Um amigo seu realizou um breve vídeo do workshop de Madonna quando ela estava a escolher os bailarinos que a iriam acompanhar na MDNA Tour. Pediu a Nuno que editasse esse vídeo e a cantora gostou tanto do resultado que pediu para trabalhar com ele mais vezes. Aquilo que parecia ser apenas um encontro fortuito, acabou por revelar-se uma forte relação artística quando no ano seguinte Nuno se juntou à equipa da curta-metragem “Secret Projet Revolution” (uma curta-metragem política em prol da liberdade artística) de Madonna e Steve Klein.

Desde então Nuno passou a ser um colaborador habitual da rainha Madonna. Entre muitos outros trabalhos, destaca-se a preciosa colaboração que teve no álbum Madame X (2019). É público e assumido pela artista que esse disco teve origem nas experiências que teve durante a longa estadia em Portugal, muitas delas resultado da orientação que o cantor Dino d’ Santiago generosamente lhe deu para que conhecera todos os cantinhos e toda a gente (tornando-se grandes amigos). A lusofonia, a mistura cultural e as influências oriundas de todo o globo, que marcam vincadamente a vibração lisboeta,  estão patentes neste trabalho.

Documentário Madame X


Madonna, Swae Lee – Crave


O trabalho de Nuno está longe de estar confinado a Madonna ou à música. O seu portfólio conta com trabalhos de cariz humanitário e também de grande nomes e marcas como BMW, Beyoncé, Justin Timberlake, Adele, Clinique, Italian Vogue, Fabrizio Ferri, Tom Ford Dior. O vídeo que se segue é disto um bom exemplo.

Stern – boy=girl


Para conhecerem mais em profundidade o trabalho deste artista genial, visitem a sua web oficial ou o seu perfil no instagram. Deixamos também aqui o link para o artigo do Diário de Notícias que serviu de fonte para a redação deste artigo.

3. O sal Salgado

Começar pelo fim. Faltam palavras… ou será que sobram? Queria contar-vos a estória de Sebastião Salgado, fotógrafo e bastante mais que o nome que se dá a quem realiza a arte a que dedicou a sua vida. Durante a minha pesquisa percebi que alguém já o fez e fê-lo de uma maneira tão sublime que não sou capaz de sequer tentar acrescentar mais. Melhor que tudo o que eu possa contar-vos, mesmo com adornos literários, será verem o documentário realizado por Juliano Salgado (o filho primogénito de Sebastião) em parceria com um fotógrafo/cineasta alemão que dispensa apresentações – Wim Wenders. “O sal da terra” (2014) foi premiado com o Oscar de Melhor Documentário em 2015. Deixo-vos com esta obra incrível sobre a vida e obra de um gigante da captação da vida, da terra, do mundo, da gente através de uma lente. Consultem mais sobre o seu trabalho na sua conta de instagram.

O sal da terra


4. O som das imagens

Imbuídos neste minimalismo da palavra, trazemo-vos estas propostas musicais que expressam com fidedignidade o casamento perfeito entre imagem e musicalidade. Fazem parte das nossas assíduas preferências pelo que seguramente, em futuras edições, aprofundaremos a estória da vida e carreira de ambos os projetos/artistas. Hoje deixar-vos-emos desfrutar tranquilamente da sonoridade mágica de Rodrigo Leão e de Dead Combo. Entretanto, podem ir espreitando nas respetivas páginas oficiais (rodrigoleao.pt e deadcombo.net ) o que estes “meninos” vêm tramando há vários anos.

Dead Combo – Lisboa mulata


Rodrigo Leão – Voltar


Dead Combo – Cuba 1970


Rodrigo Leão – Rosa


Dead Combo – Povo que cais descalço


Rodrigo Leão – Pasión


(in)Raizados

Esta secção está dedicada a contar as aventuras e desventuras, as peripécias e o  quotidiano de pessoas fantásticas que nasceram em países lusófonos e agora andam pelo mundo fora fazendo pela vida, fazendo a sua vida e espalhando a língua portuguesa pelos 4 cantos do globo.

És ou conheces algum (in)Raizado sobre quem possamos contar estórias aqui no LUSO QUÊ?? Escreve um breve texto com esse relato (máximo uma página A4, aproximadamente 450 palavras), junta uma foto do(s) protagonista(s) e envia-o por escrito para o endereço eletrónico disponível em O vosso espaço. Se és daquelas pessoas que dizem não ter jeito para escrever, contacta-nos e nós ajudamos-te a dar forma à aventura que tens para contar – as boas estórias não se podem perder!

Agradecimentos

Muito obrigado pela vossa colaboração e pelos “grãos de areia” lançados ao projeto:

  • João Antunes
  • Nacho Flores
  • Pedro Sereno
  • Pilar Pino

O vosso espaço Queres falar connosco? Tens sugestões ou ideias? Há temas ou assuntos que gostarias de ver tratados? Queres colaborar com o LUSO QUÊ?? Estamos à tua espera de braços, ouvidos e olhos bem abertos! Escreve-nos