Viagens sem sair do sofá
LUSO QUÊ? 16/03/2021
Editorial
Atentos às atuais circunstâncias, a tão badalada “nova normalidade”, e também atendendo às observações de alguns leitores que têm por vezes dificuldade em acompanhar todos os artigos das nossas edições, esta semana trazemos uma proposta mais “light”.
Basicamente, pensámos em reunir conteúdos variados que vos permitem disfrutar do fim-de-semana tendo à disposição atividades capazes de estimular os 5 sentidos. Sabemos que uma das coisas que nos tem custado mais não poder realizar é viajar. Seja como aventureiros ou turistas, seja profissionalmente ou, talvez mais comum, para estar com amigos e família. Está quase… os sinais são positivos e animadores. Mas, entretanto, ainda vai sendo aconselhável ter alguma prudência, pelo que inevitavelmente passamos bastante tempo em casa.
Trazemos, então, propostas divididas em 5 dimensões: para ver, para ouvir, para ler, para fazer e para comer. Têm um leque bastante variado de atividades que podem realizar. Algo que nos pareceu interessante é o facto de algumas delas poderem ser efetuadas em simultâneo, sendo que nalguns casos são até complementárias. Esperamos e desejamos que gostem da versátil seleção e passem bons momentos. Preparem o sofá, as almofadas, os auriculares ou colunas, a televisão e os dispositivos. Há que ter também à mão os óculos, alguma guloseima, almofadas para amparar o pescoço e os comandos necessários à navegação. Vamos lá explorar e descobrir!
Os (in)Raizados esta semana mergulham novamente numa pausa rejuvenescedora e criadora de intriga. Quem será o próximo ou a próxima?
Mais uma semana cheia Discos Pedidos!. O que é que os nossos leitores andam a ouvir?
Até já!
1. VER
Nesta estação encontramos programas que nos convidam a sentar-nos, recostar-nos comodamente para assistir a verdadeiras joias.
Não é obrigatório, mas viajar com um rumo e caminho definido evita surpresas e imprevistos. Há quem prefira planificar bem antes de pôr o pé. O “Rumos”, programa emitido ao longo de anos na RTP África, sempre dedicado às culturas lusófonas afigura-se como uma aposta segura para viajar dessa maneira. Aqui dispomos de centenas de episódios onde encontramos entrevistas com uma variedade de personagens e importantes intervenientes sobretudo da África lusófona, enquanto assistimos também a projetos artísticos e culturais que se vêm desenvolvendo não apenas em território africano. Uma chuva de fabulosas referências artísticas e culturais, a não perder. Decidimos sugerir-vos o episódio cujo foco recai sobre o multifacetado artista guineense, Ernesto Dabó. (31 minutos)
Rumos Episódio 24 – de 13 Jun 2018 – RTP Play – RTP
Querem viajar e pensar, refletir sobre temas estruturais e fundamentais da sociedade atual? Vamos a isso com um painel de luxo que numa parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores reúne o físico e professor universitário Carlos Fiolhais, a escritora Dulce Maria Cardoso e o musicólogo e também professor universitário Rui Vieira Nery. No “Original é a cultura” toda a conversa moderada por Cristina Ovídio. Neste episódio fala-se sobre como a cultura pode funcionar com uma arma. Os poderes, os contra-poderes, a censura, as pressões sociais, a memória… está lá tudo. (37 minutos)
Original é a cultura – A cultura é uma arma?
Lembram-se do apresentador/cozinheiro de “Na roça com os tachos”? Pois, no LUSO QUÊ? #1 ficámos a conhecer a habilidade gastronómica e comunicativa empregue por João Carlos Silva. O seu bom humor e abrangente conhecimento sobre a cultura São Tomense estão de volta no programa “Desconversando”, apresentado por Abel Veiga. Ao longo dos episódios somos convidados, através da “amena cavaqueira” que se estabelece entre ambos, a conhecer aprofundadamente a cultura fantástica de São Tomé e Príncipe. Propomos uma caminhada em estilo de passeio cultural através do episódio sobre o artística plástico São Tomense, Kwame Sousa. (25 minutos)
Desconversando de 02 Abr 2021 – RTP Play – RTP
E uma travessia pelas mãos de Diogo Infante no seu bem afamado “Cuidado com a língua”? Sim, vamos por aí com este magnífico e exímio comunicador visitar terras portuguesas enquanto aprendemos mais sobre a língua portuguesa. As palavras vêm connosco por aí fora. Vamos conhecê-las, a origem, a sua raiz e etimologia e esclarecer possíveis erros ou más utilizações que habitualmente se fazem com elas. Neste episódio passeamos pelas vinhas e vinhedos descobrindo os perfumes e magníficos sabores das melhores castas. (15 minutos)
Cuidado com a língua – 5 de maio de 2020
2. OUVIR
Auriculares ou grandes sistemas de colunas a postos! Ajeitamos as almofadas no sofá e recostamo-nos para fruir destas maravilhosas pérolas.
Viajamos? Embora lá! Mas vamos com alguém que está bastante acostumado a andar de um lado para o outro e que também usa genialmente a sua arte e talento, através da literatura, para nos levar a viajar através dos seus livros. O consagrado escritor José Luís Peixoto leva-nos por aí, contando e narrando ou lendo. “Tanto Mundo”. Não percam este podcast maravilhoso onde sentimos que estamos lá, nos sítios fantásticos que são objeto de atenção em cada episódio, em modo de conversa da boa. Para arrancar deixamos o mais recente episódio, onde se revelam os segredos da ilha Graciosa, nos Açores. (13 minutos)
Tanto Mundo de 08 Abr 2021 – RTP Play – RTP
Uma boa viagem costuma pedir livros como companhia privilegiada. Pois “À volta dos livros” é uma excelente opção para levar no bolso durante as nossas odisseias. Sentadinhos no sofá podemos ouvir escritores lusófonos conversando sobre as suas obras, literatura e outros assuntos. Cada convidado interage fluidamente com a entrevistadora, contando, explicando e comunicando o que pensa, como vê o mundo… Cada conversa é fragmentada em cinco partes de 3 a 5 minutos, o que permite ir ouvindo em distintos momentos ou, se estivermos no “fluxo”, paparmos tudo numa só dentada. Para aguçar o apetite fica o início da conversa com o escritor angolano, Ondjaki. (5 minutos)
À Volta dos Livros de 14 Set 2020 – RTP Play – RTP
No ano de 1994 foi lançado um disco improvável que viria a mudar significativamente o panorama musical português. Pedro Abrunhosa, acompanhado pelos Bandemónio, sacou da manga o “Viagens”. Era um disco atrevido com uma sonoridade nunca antes experimentada de forma tão coesa e coerente em Portugal. Nele canta-se e conta-se, numa miscelânea de estilos e géneros musicais ora bailantes ora introspetivos, uma narrativa muito pessoal derivada de inúmeras e longas viagens feitas pelo intérprete e compositor oriundo do Porto. Aquele look meio estrambólico, misto de reggae boy com jazz master mas sempre lúcido e eloquente, foi capaz de gerar uma identificação incrível por parte do público. Um disco que ficou para a história, um marco artístico evidente goste-se mais ou menos dele. Ficam pois como sugestão duas das faixas deste singular álbum. Boas viagens pela “estrada” da “fantasia”! (5 minutos e 4 minutos)
Estrada – Pedro Abrunhosa e os Bandemónio
Fantasia – Pedro Abrunhosa e os Bandemónio
3. LER
Livros e revistas para ler, trocar e emprestar. Falar sobre eles e apoiar a cabeça ou simplesmente empilhá-los e sentarmo-nos neles. Veículos que nos permitem viajar sem sair do sítio seja em redes de pano e corda, em cadeiras de baloiço, relaxados na cama ou esticados no sofá… deitados no chão também vale. Toca a virar as páginas!
Se há alguém apaixonado por viagens é sem dúvida Gonçalo Cadilhe. Desde muito jovem que tem dedicado a vida a trotar mundo e ir documentando as suas jornadas de maneira a poder partilhá-las connosco. O auto denominado escritor e viajante vem publicando há vários anos as suas incríveis estórias quer em revistas e jornais de elevada reputação como por exemplo o Expresso e também através de vários livros. Vão dar uma vista de olhos ao seu trabalho na web oficial e deliciem-se embarcados nas imagens e palavras.
Ficaram sem ideias. Para onde ir, que sítios visitar e explorar? Deixem a revista “Volta ao mundo” levar-vos por aí. Têm disponíveis artigos e crónicas sobre viagens a todos os sítios que possam imaginar. Todas as dicas e sugestões para irmos preparando a próxima viagem pós “nova normalidade”. Entretanto, café ou chá na mão e rabinho no sofá viajamos com a mente e a imaginação que não é coisa pouca.
Vamos ainda desbravar caminho à conversa com escritores e escritoras lusófonos. Não lendo, mas ouvindo sobre leitura e literatura. Folheando páginas sonoras. Numa parceria entre o Camões I.P. e a Fundação Calouste Gulbenkian, através do Instituto Camões no Brasil, foi criado o podcast “Cruzamentos Literários” (disponível gratuitamente no Spotify). Nele os “gigantes” literários falam sobre o seu percurso literário, sobre a sua vida, experiências e obras num tom descontraído. Lêem-se passagens e excertos dos seus livros e há espaço para explicarem claramente opções ou decisões tomadas a nível artístico e também abrir alguns “melões” para jubilo dos seus leitores. Dos vários episódios disponíveis optámos pelo que está dedicado a um dos nossos poetas favoritos, o cabo-verdiano, José Luiz Tavares. (58 minutos).
Cruzamentos Literários – José Luiz Tavares
4. FAZER
Arregacem as mangas e vamos lá tratar de nos divertirmos enquanto fazemos ou criamos algo com as nossas mãos. Propomos um regresso às viagens através da execução e produção. Nesta era em que vivemos e tudo aparece frequentemente feito e pronto a usar, achamos interessante desafiar-vos a “sujar” as mãos. Ao concretizar algo através de tarefas entramos numa frequência muito particular em que contactamos com o nosso interior e aprendemos, gerando satisfação. As atividades que propomos podem também ser realizadas em cooperação com a família, o que promove um convívio salutar. Vamos passar pela oriental arte ancestral da dobragem de papel, pela construção de uma bússola (evitemos andar desnorteados) e alguns projetos feitos em e com madeira.
Origami – como fazer um Tsuru
Fazer uma bússola é mais fácil do que pensas
12 projetos incrivelmente simples com madeira
5. COMER
Tanta viagem abre o apetite. Tomem lá umas quantas receitas para sanarem o buraco na barriga. O “casal mistério” é composto por um experiente viajante e uma genial escritora. Dominam bem ambas as atividades e trazem sempre receitas deliciosas, fáceis de fazer e com uma excelente apresentação (vídeos curtos e apelativos com a receita completa na descrição). Vão dar umas voltinhas com elas. Boas “lutas” com os tachos!
Massa recheada com frango, queijo e molho Alfredo
Lombos de bacalhau com molho de mostarda e crème fraîche
Açorda de pão servida dentro de um pão alentejano
Bolo de chocolate só com 2 ingredientes
(in)Raizados
Esta secção está dedicada a contar as aventuras e desventuras, as peripécias e o quotidiano de pessoas fantásticas que nasceram em países lusófonos e agora andam pelo mundo fora fazendo pela vida e espalhando a língua portuguesa pelos 4 cantos do globo.
És ou conheces algum (in)Raizado sobre quem possamos contar estórias aqui no LUSO QUÊ?? Escreve um breve texto com esse relato (máximo uma página A4, aproximadamente 450 palavras), junta uma foto do(s) protagonista(s) e envia-o por escrito para o endereço eletrónico disponível em O vosso espaço. Se és daquelas pessoas que dizem não ter jeito para escrever, contacta-nos e nós ajudamos-te a dar forma à aventura que tens para contar – as boas estórias não se podem perder!
Discos Pedidos!
Hoje dançamos e cantamos com…
Begoña Feijoo (Santiago de Compostela, Espanha)
Escolhi uma canção que tem recordações muito especiais para mim e para o Manu. É uma canção que escutávamos quando nos conhecemos e depois de nos casarmos ele fez uma recompilação dos melhores momentos do casamento usando esta bela música como banda sonora. Acabo de ouvi-la agora mesmo e é uma canção que me dá “good vibes” e me recorda como estou apaixonadíssima pelo meu “chico”.
Os meus versos favoritos:
“Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo e meu também”
“Tou te querendo como ninguém
Tou te querendo como se quer”
Já sei namorar – Tribalistas
Eva Carballar (Gines, Espanha)
Para mim a música portuguesa tem um “não sei quê” especial que me fascina e me amarra. Na minha época universitária, há muiiiitos anos, Dulce Pontes, Amália Rodrigues ou Cesária Évora foram grandes referências. Foram tempos de abrir a mente, de observar o mundo como se pudéssemos transformá-lo, de reivindicar desde movimentos pacíficos… de ir moldando a pessoa que hoje sou. Gosto imenso de todas, mas hoje apetece-me mesmo ouvir a “Canção do Mar”.
“Vem saber se o mar terá razão
Vem cá ver bailar meu coração”.
Canção do Mar – Dulce Pontes
Esther Pino (Madrid, Espanha)
Não encontrei algo particular nesta canção que realmente justifique claramente a minha escolha… podia até ter sido outra de tantas que escuto frequentemente. Mas finalmente acabei por escolhê-la, pois sempre que a ouço fica-me no ouvido. Gosto bastante dela. Espero que também gostem!
Tonada de la luna llena – Caetano Veloso
Nesta secção desejamos que partilhem connosco as vossas canções favoritas. O que é bom é para se partilhar! Podem contar estórias relacionadas com elas, quando as ouviram por primeira vez, quem ou que situações vos recordam, situações em concertos, etc. Como? Muito simples. Basta enviar-nos um e-mail para info@lusoque.es com o vosso nome e o local de onde nos escrevem, o título da canção e o seu autor/grupo/projeto e trataremos de a publicar junto ao respetivo vídeo.
Agradecimentos
Muito obrigado pela vossa colaboração e pelos “grãos de areia” lançados ao projeto:
- João Antunes
- Joca Marino
- Nacho Flores
- Pedro Sereno
- Pilar Pino
O vosso espaço Queres falar connosco? Tens sugestões ou ideias? Há temas ou assuntos que gostarias de ver tratados? Queres colaborar com o LUSO QUÊ?? Estamos à tua espera de braços, ouvidos e olhos bem abertos! Escreve-nos